Logo que decidi minha viagem a Paris, sabia que uma das coisas que iria fazer era provar os macarons das duas principais grifes confeiteiras para entender porque existe essa disputa há anos… e saciar minha curiosidade de tentar achar uma resposta para essa emblemática pergunta.
Pierre Hermé começou sua carreira como aprendiz do renomado chef confeiteiro Gaston Lenôtre. Depois foi consultor de sabores para a Ladurée. Conhecido por criar sabores inusitados, foi aí que ele criou o que viria a ser um dos seus grandes sucessos, uma associação de sabores chamada Ispahan, de rosas, lichia e framboesa. Porém, a Ladurée não era adepta de variações tão diferentes e esse sabor não vingou.
Algum tempo depois, quando ele recebeu um convite para ter sua própria confeitaria, levou a Ispahan com ele e hoje é o sabor-fetiche da sua marca. Na época, por normas de contrato, ele não poderia abrir inicialmente em Paris. Foi então que, em 1998, a primeira loja Pierre Hermé foi inaugurada em Tóquio, no Japão. Em Paris, a sua marca só chegou em 2001.
O Picasso da confeitaria, como é conhecido, sempre encontra diferentes maneiras de combinar doce com salgado, criando sobremesas como quem cria um perfume. Ao longo dos anos ele criou macarons como o de chocolate com maracujá, framboesa com wasabi, azeite com baunilha, entre outros. Nas suas lojas também se encontra sabores mais tradicionais, como baunilha, limão e pistache. Porém, reza a lenda, que nos sabores tradicionais, a Ladurée leva vantagem.
A Ladurée leva o título de criadora do macaron na França. Começou como uma simples padaria, sob o comando de Ernest Ladurée, em meados de 1862. Depois de um incêndio, sua esposa Jeanne Souchard, que sentia falta de um lugar para as mulheres espairecerem, sugeriu ao marido a ideia de combinar dois gêneros: o café pariesense e a doceria. E assim teve origem uma das primeiras casas de chá parisiense. Ou seja, pode-se dizer também que o conceito de casas de chá começou com a Ladurée.
Atualmente há várias confeitarias da marca em Paris, mas a mais luxuosa segue sendo a da Avenue des Champs-Élysées, inaugurada em 1997, e decorada com rico mobiliário em estilo Napoléon III.
Apesar de parecidos, há algumas pequenas diferenças na produção dos macarons de ambas as marcas. Os macarons do Pierre Hermée ainda são feitos à mão, já os da Ladurée são feitos por máquinas. Os macarons da Ladurée e suas caixas são alguns centavos mais baratos.
Com base nessas informações, comecei a minha degustação, num cenário digno de filmes, o Jardin des Tuleries, que por ser outono, estava ainda mais dourado e bonito.
Pierre Hermé
Escolhi os sabores Ispahan e uma edição especial de Natal, e paguei 2,50 € cada.
Apresentação: bolachinhas lisas e brilhantes, com pouquíssima granulosidade aparente; o pezinho bem feito; e o recheio estava aparente e em quantidade generosa. Apenas um deles trazia uma das bolachinhas em tamanho diferente, que destoava na hora de formar parzinho do macaron. Porém, esteticamente, eram os mais atraentes.
Sabor: o Ispahan (combinação de rosas, lichia e framboesa) traz os três sabores um a um, cada um de sua vez. E a lichia, é bem presente, deixando o sabor bastante agradável. A casquinha era crocante, a ganache um pouco mais firme e o recheio generoso.
O sabor especial de Natal (se não me engano, o nome era Pomposa) também trouxe recheio em quantidade generosa e com uma surpresa, uma geleia em meio à ganache. Muito saboroso!
Ladurée
Escolhi os sabores Lavanda e Bubble Gum (chicletes, me julguem haha) e paguei 2,10 € cada.
Apresentação: as bolachinhas eram mais finas e sensíveis, acabaram danificando no curto trajeto que fiz (atravessar a rua) até o Jardin des Tuleries. O recheio não era visível de todos os lados. E o pezinho não estava muito bonito.
O Bubble Gum também não estava tão bonito esteticamente, mas me ganhou pela criatividade de usar marshmallow na ganache para simular e elasticidade do chiclete.
Sabor: o de lavanda traz um sabor presente, porém suave. Não tem gosto de sabonete, podem ficar tranquilos. A ganache estava cremosa e a casquinha crocante, exatamente como deve ser.
Já o de Bubble Gum me teletransportou direto para a infância. Achei muito interessante a brincadeira que o sabor e a textura fazem no cérebro.
E então, qual é o melhor?
Por enquanto, fico com os sabores da Ladurée. Porém ainda preciso provar mais para dar mais chances ao Pierre Hermée, afinal, ser considerado o Picasso da confeitaria não deve ser por acaso, né?!
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Endereços:
Ladurée: 75 Av. des Champs-Élysées, 75008 Paris | 16-18 Rue Royale, 75008 | 14 Rue de Castiglione, 75001 | 21 Rue Bonaparte, 75006 | Ladurée Paris au Printemps – 62 Boulevard Haussmann, 75009 | 41-43 Rue de Varenne, 75007 | 13 Rue Lincoln, 75008.
Pierre Hermé: 4 Rue de Bretagne, 75003 | 72 Rue Bonaparte, 75006 | 18 Rue Sainte-Croix de la Bretonnerie | Publicis Drugstore, 133 Av. des Champs-Élysées, 75008 | 4 Rue Cambon, 75001 Paris | 39 Avenue de l’Opéra, 75002 | 185 Rue de Vaugirard, 75015 | 58 Avenue Paul Doumer, 75116 Paris | L’Occitane x Pierre Hermé – 86 Av. des Champs-Élysées, 75008 | 89 Boulevard Malesherbes, 75008 | Pierre Hermé Paris – Galeries Lafayette – Rez-de-chaussée de Maison & Gourmet, 40 Boulevard Haussmann, 75009.
Foi uma ótima visita, gostei muito, voltarei assim que
puder..!